quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Capítulo 14, parte II





Você não vai acreditar, Ian pediu Marina em casamento ontem à noite, na casa dos pais dela e já marcaram a data! Vai ser no dia do seu aniversário!!!
- Está tudo bem Elizabeth?
Fechei a tela com força e demorei um segundo para notar que Edgar estava falando comigo.
Forcei um sorriso.
- Tudo, por quê?
- Você está pálida e suas mãos estão trêmulas.
Olhei para minhas mãos que tremiam levemente. Droga de reações indesejadas.
- Acho que a minha pressão baixou – menti.
Ele me olhou com as sobrancelhas levantadas e estendeu a sua mão a mim. Confusa a peguei, quase soltando um gritinho boiola quando ele me puxou com força para ficar em pé.
- Vamos dar uma volta – declarou, já me puxando. Todos nos observavam, e derrotada, deixei que me levasse. seria inútil fazer uma cena.
Foi a partir daquele momento que Edgard e eu ficamos mais próximos. Ele me ligava todos os dias para saber como eu estava e aos poucos fomos saindo e passando um tempo juntos. Ele era uma boa companhia, eu tinha que admitir. Gostava de passar um tempo com ele, gostava da risada rouca, dos olhos gentis e bem humorados e das conversas longas e leves. Ele era lindo e quando saíamos a algum lugar, podia sentir o olhar de inveja das mulheres nas minhas costas.
Certa noite fomos ao cinema assistir o filme Lua Nova. Sim, eu sei que é só mais uma modinha de filmes, com vampirinhos que brilham no Sol e Lobisomens sem um pelo no corpo. Mas assistindo, mesmo sabendo que era puro masoquismo, eu lembrava a época em que li os livros que deram origem aos filmes.
Com os braços ocupados com sacos de pipoca, chocolates e refrigerantes, entramos na sala pouco iluminada e quase deserta. Quando sentamos, senti certa tensão no ar. Assistimos em silencio, hora ou outra fazendo comentários monótonos das cenas.
Eu sabia que ele me olhava o tempo todo e eu agradecia mentalmente pela sala ser escura e ele não notar o meu rubor.
Qual é, eu não era uma menininha boba que não sabia o que estava acontecendo ou quais eram as intenções dele. Éramos adultos e ele estava interessado em mim... E droga, ele era lindo demais e estava olhando para mim.
- Você está muito quieta Liz – ele disse enquanto dirigia em direção a minha casa. A Mercedes roncava suavemente aos 100 km/h.
- Só estou cansada – respondi, tentando não olhar pra ele.
- Acho que precisamos conversar.
Apenas suspirei, temendo a conversa.
Edgard estacionou na frente da minha casa e em um segundo já abria a porta para mim. Entramos em silencio na mansão vazia e estranhamente calma
- Acho que Marcelo prolongou a viajem.
- Isso é bom – olhei para ele. – Vou acender a lareira, está frio. Que tal bebermos um vinho?
- Pode ser...
Vinha + lareira + cara lindo na sua sala + casa para nós= ferrou.
Atrapalhada, peguei uma garrafa de vinho da adega e uma taça. Não iria beber, então peguei um copo de leite gelado. Edgard riu quando ofereci a bebida a ele e eu tomei o leite. Ele sentou no tapete felpudo do chão, em frente as chamas. Fiquei em pé, apenas observando ele sorver um pequeno gole da sua bebida e depois deixando a taça de lado.
- Sente comigo – pediu, estendendo uma mão. – Não vou fazer nada, prometo.
Sentei ao lado dele, o coração ameaçando sair pela garganta quando o vi arregaçar a manga da camisa e revelando uma pele bronzeada e os músculos do braço.
Nossa senhora da definição musculosa... Ajuda-me!
- Você disse que queria conversar – relembrei, quando o senti cada vez mais próximo. Nos seis meses que o conhecia, nunca o vi daquele jeito: relaxado e com sorriso malicioso nos lábios.
- Sim, eu disse – ele segurou meu rosto entre as mãos, virando-o para encará-lo – você é linda Liz... -sussurrou, depositando um beijo casto na minha testa – e quero que saiba que não tem nada de amigável no que eu quero com você. Não me basta o titulo de amigo.
Vou ter um AVC...
- Estou apaixonado por você Liz e eu a quero. Descobri que não quero ser apenas o seu amigo no momento em que você ficou toda lambuzada de sorvete no nosso passeio no parque.
Ele tinha que lembrar que o sorvete me engoliu, não o contrário.
- O que você sente por mim? –ele interrogou, sério.
Pela pergunta direta eu não esperava. Encarei os olhos castanhos e profundos, achando que a qualquer momento eu iria desmaiar... Claro, só se ele me carregasse escada à cima em seus braços auhsuahsauhs.
Eu não sabia o que sentia por ele.
Edgard tornou-se alguém muito próximo, alguém que eu precisava da companhia, que eu apreciava as conversas, as risadas, o modo como me encarava. Desde que eu havia chegado, em todos os cinco anos ali, ele foi o primeiro que não me julgou, que não esteve nem ai para as minhas reservas e descaso com relacionamentos. Ele forçara a barra para entrar na minha vida e eu era grata por isso, pois sabia que eu não deixaria passivamente. Marcelo gostava dele... Todo mundo gostava dele e eu sentia ciúmes quando as garotas o encaravam com desejo.
Ele era lindo, inteligente, responsável e estava apaixonado por mim... Qual  o problema se eu tentar ter algo a mais do que uma amizade com ele?
Naquela manhã eu havia decidido desatar os laços com o passado quando o convite para o casamento de Ian chegou. Estava exausta de negar o que eu sentia por ele, cansada de me lamentar e me privar de tudo por alguém que não se lembrava de mim e não fazia ideia do que eu sentia.
Eu queria ser livre e ali estava uma excelente oportunidade.
Decidi ser sincera.
- Não sei o que sinto Ed... mas é algo bom, disso eu tenho certeza.
Ele sorriu. Um sorriso capaz de derreter o Iceberg do Titanic.
- Ótimo, então vamos descobrir.
- Como? – brinquei, sorrindo largamente.
- Assim – sussurrou, um segundo antes de sua boa assaltar a minha.
No inicio foi só um roçar de lábios. Não era um beijo afoito de novelas.
Era um teste para saber qual era a minha reação. Fiquei imóvel por um momento, apenas sentindo sensações invadirem o meu corpo com o beijo suave e atordoante. Então as minhas mãos tiveram vida própria e mergulharam nos cabelos sedosos, meus lábios urgentes abrindo-se para ele.
Ouvi um suspiro de contentamento e logo o beijo tornou-se completo. Fui puxada de encontro ao peito dele com força, seus lábios exigentes sobre os meus. Eu não conseguia pensar, apenas corresponder com desespero as caricias dele.
Não sei como aconteceu, mas fui girada em seus braços e depois senti a maciez no tapete nas minhas costas, o corpo de Edgar moldando-se ao meu. Os beijos tornaram-se profundos, os toques intensos e só quando nos faltou o ar é que nos separamos. Ele espalhou beijinhos por todo o meu rosto, sem desviar o olhar do meu.
Quer saber? Dane-se!
E com isso o puxei para mim e recomeçamos tudo. Protestei quando ele deixou os meus lábios e riu.
- Acho melhor pararmos – ele falou, se afastando. – Mas acho que por hoje isso já respondeu as minhas perguntas.
- Bobo – brinquei feliz.
Ficamos mais algum tempo conversando e trocando alguns beijos. Quando ele foi embora, um vazio tomou conta de mim. Eu sabia que não era saudade, era apenas o medo de voltar a ser sozinha. Peguei o convite que continuava em cima da escrivaninha desde aquela manha e o jóquei dentro de uma gaveta.
Foco, pensei.
Assim transcorreu o tempo em uma velocidade absurda. Começamos a sair mais e para a alegria de Marcelo, anunciamos o nosso namoro. Naquele meio tempo, comecei a dar aulas de arte na faculdade e a fazer o meu mestrado. Minha mãe ficou feliz com as noticias e indignada com o fato de mais uma vez eu não passar o natal com ela.
- Mãe, por favor, chega de drama – falei ao telefone.
- Em cinco anos você não passou um feriado comigo e me visitou apenas uma vez, por duas horas!
- Vamos fazer o seguinte: você passa o Natal aqui e no Ano Novo viajamos juntas, que tal? – na minha cabeça a ideia era perfeita.
Olhei para o relógio na parede. Já estava atrasada a janta.
- Você esqueceu? O casamento do Ian é no dia 24... Não dá tempo de eu ir ao casamento e depois sair correndo e indo para ai.
Olhei para o telefone como se ele houvesse me mordido. Ian ia se casar semana que vem.
- Liz... Liz?! Filha, tá meu ouvindo?
- OI mãe – falei desesperada para desligar – desculpa, é que estou muito atrasada para preparar o jantar, Edgard deve estar vindo.
- Tá – ouvi o suspiro dela – Te ligo mais tarde, e falando em Edgard...quando vou conhece-lo?
- Em breve – falei impaciente – tenho que desligar, eu te amo.
- Eu também te amo.
Fiquei mais um tempo, parada,  fitando o telefone. Já eram quase oito da noite. Edgard ia chegar a qualquer momento assim como Marcelo, ambos esperando um jantar que pelo visto não ia sair.
Dane-se.
Subi as escadas em direção ao meu quarto e bati a porta com força para fechá-la. Joguei-me na cama, a dor e a angustia me consumiam por dentro. A sensação era de estar sem ar em pleno mergulho, meus pulmões doíam. O choro começou baixinho e eu queria me chutar quando ele se tornou um soluço descontrolado.
Desvairada, levantei em um pulo e abri meu armário, retirando do fundo uma caixininha de madeira coberta pelo pó. Joguei tudo o que tinha em cima da cama e com dedos trêmulos segurei uma foto e um pingente de prata. A foto foi tirada no meu aniversário de 17 anos, em meio a risadas e gritos. Eu estava de vestido como uma menina deve usar segundo a minha mãe, mas não abdiquei do All-Star. Ian estava lindo, de calça escura e camisa com mangas arregaçadas até o cotovelo. Os cabelos como sempre estavam desalinhados e o sorriso largo e amado abriu cortes em meu peito só com a lembrança. Sorriamos um para o outro.
Depois, dediquei minha atenção ao pingente que segurava com força na palma da mão. Presente de aniversario.
“ Eu amo você pirralha, nossa amizade é eterna!”
Essa frase estava gravada no verso. Passei a unha sobre os contornos elegantes da gravação e o choro recomeçou.
Que diabos eu fiz???
Havia deixado o homem que amava e agora chorava por ele casar com outra. Eu me considerava um adolescente ou criança mimada quando fui morar com o Marcelo, isso servia de justificativa. A garota que se apaixonada pelo melhor amigo e decide partir pelo bem de todos. Mas nesse caso, o garoto ama outra e o tempo por mais que passe, não vai faze-los se reencontrarem em um lindo fim de tarde e declararem-se. Não vai apagar o passado, as burradas e mágoas que ali continham.
Minha mente podia ser desmiolada, mas os meus sentimentos eram muito maduros.
- Liz?
Olhei para Marcelo, que me encarava em profunda confusão.
Pela primeira vez em toda a minha vida eu precisava do apoio dele como pai, como amigo e pareceu que ele entendeu isso, pois com nenhuma pergunta se aproximou e me envolveu nos seus braços, deixando que eu chorasse ali. Ele afagou os meus cabelos e dizia frases do tipo “vai ficar tudo bem, eu estou aqui”.
Eu sabia que não ia ficar tudo bem, nunca mais. Deixei ser embalada até pegar no sono pela exaustidão.
Quando o dia 24 chegou, véspera de Natal, não fui na ceia com meu namorado e nem decorei a casa e comprei presentes como costumava fazer. Convenci Marcelo de ir na casa de Billy aquela noite e aleguei a Edgard que eu estava com muita dor de cabeça e só queria descançar. Senti-me muito mal quando ele pediu para ficar comigo e eu neguei. Para aliviar, prometi ir na casa dele na manhã seguinte, bem cedo.
Quando se aproximava das 7 da noite, tomei um banho demorado, coloquei o vestido vermelho que havia comprado para a data especial e sentei na frente da lareira, minhas únicas companhias eram o tic-tac do relógio e o barulho das chamas.
O “casamento era às oito horas e quando chegou as oito e meia eu sabia que o ‘eu aceito” já havia sido dito. Nunca frequentei casamentos, mas sabia que as cerimonias duravam em média meia hora. Com isso, às nove horas, eu sabia que ele estava casado e milhares de vezes mais distantes com a união.
Beberiquei o vinho que havia me servido e fiz um brinde.
“Seja feliz Ian”
E o brinde resultou no maior porre da minha vida.
Na manhã seguinte, com a cabeça estourando de dor, fui no apartamento de Edgard.
- Feliz Natal – ele disse, me puxando para dentro do local com um abraço apertado.
- Feliz Natal – respondi, forçando um sorriso. Estendi a caixinha que havia trazido comigo – Trouxe o seu presente.
A expressão de Edgard era linda demais, típica de um menininho na manhã de Natal. Um sorriso largou surgiu ao ver o relógio que eu havia comprado.
- Obrigado – sussurrou, me puxando para um beijo longo.
Ele também me deu presentes: um lindo vestido azul-marinho de festa e um maravilhoso estojo de joias.
Agradeci os presentes e depois almoçamos com tranquilidade.
- Amor, o que foi? Você está...distante.
Olhei para Edgard, sentado no sofá.
O homem, que mesmo sendo uma loucura continuo a amar, vai ser casar hoje, pensei.
Eu só queria esquecer!
- Não foi nada – falei e num impulso insano, subi no colo dele e o beijei.
Edgard pareceu confuso por um momento, mas logo retribui na mesma intensidade. Quando o beijava esquecia tudo, mas daquela vez não estava acontecendo isso. Beijamo-nos e quando dei por mim, estávamos deitados no enorme sofá, suas mãos percorriam os meus contornos. Namorávamos há quase um ano e o tema sexo não havia sido a pauta de nenhuma  conversa. Eu sabia que ele esperava por isso, mas eu não estava preparada. Quando senti as mãos dele por dentro da minha blusa me afastei.
- Desculpe – murmurei, apoiando a minha testa no peito dele – Eu... Eu ainda não estou preparada para isso, eu..
- Shhhh – falou, beijando meus cabelos – Não tenho pressa Liz. Eu a desejo, mas vou esperar o tempo que precisar... Eu amo você.
Fiquei imóvel. Ele... Ele me AMA????
- O que...? – sussurrei.
- Eu amo você Elizabeth. Não havia planejado as coisas assim, mas acho que essa é a oportunidade perfeita.
Atônita, o vi se levantar e se ajoelhar na minha frente, seus olhos não deixando de fitar os meus. Uma caixinha foi aberta, revelando uma linda aliança adornada de diamantes. Meus olhos deviam estar maiores que os de peixe.
- Liz – começou, pegando a minha mão – Eu sei que é repentino.  Talvez você considere cedo, mas eu tenho certeza do que eu quero: Quero você. Quero uma vida a dois e quem sabe futuramente três, quatro, cinco – sorriu – Quero que seja minha esposa, quero filhos seus e quero dormir e acordar com você, só você. Eu a amo e Deus é testemunha do quando eu desejo todas essas coisas. Eu não sou o cara perfeito para você, talvez nem o melhor... Mas ninguém a amará tanto quanto eu. Eu disse que posso esperar porque teremos todo o tempo do Mundo para nos amar e se depender de mim, muitas e muitas vezes por dia – brincou minhas lágrimas agora embaçavam tudo. Se eram de alegria ou medo eu não saberia dizer  – Elizabeth Hansen, você me daria a extraordinária honra de ser a minha esposa?






observação: bem, começaram as cenas...calientes UHSUAHSUAHSUAHSA.

Espero que tenha gostado e vou tentar postar o próximo capítulo o mais rápido o possível, abraços!!!































Nenhum comentário:

Postar um comentário