Capítulo 11
- Bem acho que somos nós dois agora – falei, limpando o suor
das minhas mãos no jeans – Minha mãe saiu então eu preparo o jantar, a não ser
que você queira jantar fora ou quem sabe pedir uma pizza, de calabresa, porque
sei que é a sua favorita e eu não me importamos se você escolher o sabor...
- Venha aqui Liz. – Diego me chamou com uma voz baixa e
suave, de arrepiar os cabelos.
Virei em direção a voz, meus olhos fixados na figura
imponente sentado na poltrona reclinável.
- Vem – repetiu com a minha hesitação, estendendo a mão.
“Não vá Liz, assim como Eva atendeu o pedido da serpente e
se deu mal, o mesmo pode acontecer a você...” Ouvi a risada baixa de Diego e me
aproximei.
- Hey gatinha, até parece que está com medo de mim.
Forcei um sorriso e mandei minhas pernas me levarem até ele.
Quando segurei em sua mão, fui puxada em direção ao colo dele com força e logo
os seus lábios estavam sobre os meus. Demorei algum tempo até corresponder, mas
quando o fiz ele aprofundou o contato, me apertando até não restar uma costela
intacta. Me aconcheguei mais a ele, passando os braços pelo seu pescoço,
tentando comparar o que eu sentia agora e o que eu imaginava que sentia. Não
havia toda aquela intensidade que eu definia: não havia nervosismo, pensamentos
irracionais, sinos tocando e nem o coro de anjos dizendo “amém”. Só havia eu,
ele e um contato entre bocas.
Suas mãos subiram pela minha cintura e puxaram a barra da
minha camiseta, dando passagem a mãos ansiosas demais. Dei um jeito de tirar as
mãos dele e logo terminei com o beijo. Ao me afastar encarei o rosto de modelo,
encarando o sorriso perfeito mas que nem se compara ao de Ian, que tinha a
habilidade de gerar energia para uma cidade grande.
- Eu senti muito a sua falta – sussurrou, espalhando beijos
pelo meu rosto – Eu só pensava em voltar para casa e ver esse rosto
lindo,sentir seus lábios nos meus e...
- E ligar para a pizzaria para enchermos a pança! – cortei,
me dando um coice mentalmente ao sair do colo dele.
Ele me olhou como se estivesse tirando minhas medidas para
uma camisa de força, mas depois riu, se levantando e me puxando pela cintura.
- Ah Liz...você é única! – retribui o abraço sem jeito. Meu
Deus qual era o meu problema?
Diego era lindo, um Deus Grego, gentil, romântico,
inteligente e gosta de mim, mesmo sabendo que praticamente todas as garotas do
colégio e até mesmo a tia do lanche caem aos seus pés. Ele me afastou e
depositou um beijo suave na minha testa.
- Vamos pedir a pizza? – murmurei, forçando um sorriso.
- Que tal jantarmos fora? Faz tempo que não saímos.
Considerei minhas alternativas: ficar em casa com um cara
tentando me seduzir ou sair em lugar que tenha muitas testemunhas.
- Claro! – falei, animada – Você espera eu tomar um banho e
me arrumar?
- Quer ajuda? – brincou, me deixando vermelha que um tomate.
- Não...deixa pra próxima – falei e sai correndo escada a
cima em direção ao banheiro.
- Sério, não aguento mais...-murmurei tocando a minha
barriga. Já não conseguiu ver o cinto da calça e minha única vontade era abrir
os botões do jeans e deixar minha barriga descançar.
- Tem certeza? A pizza de morango está uma delicia – brincou
Diego, pegando uma fatia e levando a boca lentamente, rindo.
Ri também, incomodada com o volume da minha barriga e também
pelo fato de que talvez eu tivesse entalado na cadeira.
Estávamos na Pizzaria Nono Antônio, um lugar boêmio, com
iluminação baixa, toalhas xadrez nas mesinhas brancas e musica suave ao fundo.
Tudo era extremamente limpo e organizado. Havia uma lareira com poltronas a
cercando, com mantas e almofadas coloridas por cima. As mesas tinham
candelabros, os pratos eram de porcelana e a intimidade do lugar levava casais
apaixonados até ali. A pizza era ótima, mas depois da 14ª fatia o estomago já
começava a édir socorro.
- Podíamos ir ao cinema depois, está em cartaz o filme “A
era do Gelo 4” – sugeriu, sabendo que eu amava filmes de animação – E então
você podia ir na minha casa, meus pais estão viajando e ....
Desliguei da pizza, do lugar e de Diego.
Ao virar para o lado e observar o movimento, avistei Ian e
Marina sentados em um canto aconchegante do restaurante, com os rostos muito
próximos. Ela tinha o urso no colo e as rosas estavam em cima da mesa. Ela
estava linda, eu tinha que admitir, naquele vestidinho rosa esvoaçante,
sapatilhas douradas e os cabelos ruivos naturais caindo em suaves ondas pelas
costas. A postura impecável dela somada a cinturinha fina fizeram com que eu
olhasse para a minha pança recheada de pizza.
Ela riu de algo que Ian disse e ele a beijou no rosto,
depois pegou as suas mãos.
Nunca tinha visto Ian daquele jeito: meio abobado, com um
sorriso enorme, extremamente atencioso e deslumbrado por alguém.
Ele estava feliz.
- Liz?
Balancei a cabeça em uma tentativa frustrada de amenizar o
enorme buraco que se abriu em meu peito.
- Liz? Você está bem? – Diego pegou minha mão e a apertou –
Hey gatinha, você está tremendo...
- Me leva pra casa? – pedi, desesperada por sair dali – não
estou me sentindo bem.
- Claro – Diego me olhou e franziu a testa. Depois, chamou o
garçom para pagar a conta.
Levantei da cadeira e fui amparada por Diego, que me guiou
até o carro. Sentei no banco de couro e agradeci quando o aquecedor foi ligado.
- O que aconteceu Liz, você parecia tão bem... - murmurou
colocando o sinto e dando a partida
- Acho que foi a gula mesmo – brinquei, batendo os dentes de
frio – Comi demais, só preciso descansar.
Ele assentiu, não muito convencido e acelerou.
Observei as arvores passando velozmente por nós, as ruas
silenciosas e com pouco movimento. Um casal andava de mãos dadas, rindo.
Desviei o olhar e me concentrei no painel do carro.
Eu estava apaixonada pelo meu melhor amigo, ou melhor, só
agora percebi que eu estava apaixonada por Ian durante todos esses anos.
Então uma ideia que era apavorante durante toda a minha
vida, mas agora parecia perfeita, iluminou a minha mente.
Boto fé vadi ashauashuash Curti tbm
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