terça-feira, 8 de maio de 2012

Capitulo 8


    Sorri ao fechar meu notebook com o trabalho pronto. Havia passado cerca de três horas pesquisando e digitando sobre a primeira Guerra Mundial e nunca me senti tão feliz. Feliz porque há um pouco mais de três horas atrás Diego estava me beijando. Depois eu o beijando...
    Levantei da cama, cheia de energia, como se houvesse acordado agora e tomado 4 Redbulls de uma vez. Atravessei o quarto e encarei meu espelho: olhos grandes e luminosos, pele rosada e um sorriso bem bobo nos lábios.
    Legal.
   Quando Diego me beijo, de surpresa, um choque havia percorrido por cada terminação nervosa do meu corpo. Permaneci imóvel, sem reação e Diego separou os lábios dos meus. Foi um beijo suave, somente os lábios dele tocando os meus (graças a Deus eu havia mascado um chiclé de menta antes do acontecimento).
- Desculpe Liz, eu a assustei - ele disse e se afastou, mas sem me soltar completamente (até porque minhas pernas haviam se tornado geléia)
Olhei para ele, sentindo que eu logo teria um ataque cardíaco e imaginando as machetes de amanhã: EXTRA, EXTRA, EXTRA! Menina morre com um AVC depois de ter o seu primeiro beijo com a reencarnação de um Deus grego!
- Uhumm - murmurei e praticamente ataquei o guri, passando os braços pelo pescoço dele e o beijando com força.
   Ri para a minha imagem. Valeu a pena mesmo, porque depois da minha iniciativa ficamos um tempão lá. hehe.
   Tirei a calça de flanela e meu blusão mais velho e troquei por um vestido azul marinho soltinho. Penteei meus cabelos até ele ficaram brilhosos e passei uma fina camada de rímel nos cílios. Vai que ele aparece né?
   Puxei a cortina da janela do meu quarto, que dava de frente com a rua. Já era o finzinho de tarde, o céu estava nas tonalidades de amarelo, laranja e inicio do azul. Vi Ian andando em direção a minha rua. Ele estava de jeans, jaqueta de couro e botas, falando alguma coisa no telefone, provavelmente pra mãe dele. Quando o vi parado não contive meu impulso e desci a toda velocidade as escadas, louca para sair lá fora, chamá-lo e contar o que aconteceu.
   Abri a porta de casa e quando chego a varanda, minhas pernas travam.
   Já teve aquela sensação de que o tempo congela, tudo fica em câmera lenta e a sensação de que você está em um sonho, ou melhor, pesadelo?
Ian não pode me ver porque tem muitas arvores e arbustos na frente de casa, mas eu podia vê-lo.
Ian estava sorrindo para Marina
   Ela sorriu para ele.
   Eles se beijaram.
   E eu sai correndo para dentro de casa, com uma vontade irracional de chorar.
   Eu devia estar feliz, não?
   Eu amo muito Ian, ele é meu melhor amigo e quase um irmão.
   Ele quer me ver feliz.
   Eu quero o mesmo para ele, até porque o Diego é praticamente...meu namorado! Eu quero que ele seja feliz também, com alguém, e a Marina é uma pessoa maravilhosa...
   Entrei no meu quarto, e com cuidado abri a cortina e espiei. Nem sinal deles. Só percebi que estava chorando quando meu nariz começou a ficar ranhento. E percebi que aquilo havia me abalado enquanto assistia um filme de romance torcendo para a mocinha morrer e  com uma duzia de chocolates e pareciam que todos estavam estragados .



















sexta-feira, 4 de maio de 2012

Capitulo 7



     Os dias passaram rapidamente depois daquele dia anormal.
     Meu tempo foi dividido entre escola, estudos e ensaios, uma correria satisfatória.
     A peça estava a todo vapor, já havíamos chegado na cena final, mas claro, sem nenhum beijo ainda. Eu sentia que Diego e eu estávamos mais próximos a cada dia. Nos intervalos nos encontrávamos e ficávamos falando sobre tudo, menos do nosso projeto. Geralmente ele oferecia carona para ir para casa ou para ir ao teatro, convite irrecusável (ainda mais se ele sorri de uma maneira que poderia facilmente derreter geleiras). Com o tempo descobri que ele já era emancipado desde os 16 anos, praticava Hugbi, morava sozinho em um apartamento no centro e que já teve algumas namoradas, mas nenhuma que o tenha feito se apaixonar.
Até agora...hehe.
     Caminhei meio que correndo e saltitando no corredor, meu All Star surrado apelando para a aposentadoria. Hoje eu havia cuidado meticulosamente das minhas roupas e depois de tanto pensar, escolhi um jeans claro, blusinha de mangas bufantes e deixei meus cabelos livre e soltos, cheirando a xampu. Uma vez por semana eramos liberados mais cedo e portanto, isso queria dizer que eu encontraria Diego. Andei pelo grande gramado da escola, acenando para amigos, meus olhos passeando pelas pequenas mesinhas que ficavam a baixo das árvores, no gramado, a procura de Diego. Olhei para um frondoso carvalho e desprevenida senti um aperto no peito. Lembranças de Ian e eu, sentados naquele lugar, dividindo Cheetos, rindo por bobagens ou conversando sobre uma infinidade de assuntos atacaram a minha mente.
- Para que universidade será que eu vou? - perguntei certa vez, apoiando as costas no tronco da árvore.
   Ian estava sentado na minha frente, desenvolvendo um calculo matemático que parecia escrito em latim aos meus olhos. Ele usava óculos para ler e por incrível que pareça, aquilo só o deixava mais bonito.
- A pergunta é para onde VAMOS -  corrigiu sorrindo.
   Balancei a cabeça tentando desanuviar minha mente com lembranças. Depois daquele dia na minha casa, em que pensei por um longo momento que Ian e eu iriamos nos beijar e que o papo de deixar a amizade de lado para tentar um amor era para mim, não nos falamos com muita frequência. Nos falávamos pouco pessoalmente, ambos sempre com pressa: eu pela peça, ele pelo trabalho de período integral. Nos fins de semana eu nunca podia, pois era dia de ensaiar e colocar os estudos em dia. Ele praticava natação e estudava também. Eu sentia que as coisas haviam mudado, não eramos só nós dois: eramos eu, ele e a sem gracice entre nós.
Para o nosso bem, ninguém tocou naquele assunto.
- Oi Liz! - tomei um susto quando Daniele me abraçou com força, tirando-me abruptamente dos meus desvaneios - Será que esqueceu das amigas?
- Desculpa - murmurei sorrindo As coisas estão uma correria ultimamente.
- Sei...- ela falou com uma risadinha - e a correria tem nome: Diego.
Corei.
- Eu não te culpo amiga - prosseguiu - se ele estivesse apaixonado por mim eu também estaria nas nuvens.
- Apaixonado? - falei, arregalando os olhos, o coração a mil - apaixonado por mim? Você acha mesmo que ele está?
   Daniele riu e sussurrou
- Ninguém fala de outra coisa a não ser vocês dois. TODO mundo já percebeu que ele está na sua, basta olhar o modo como ele fica com você. É muito fofo!
- Só podem estar falando de mim.
   Olhamos as duas ao mesmo tempo, surpresas.
   Diego estava atrás de nós, um sorrisão de ofuscar nos lábios.
- Oi Daniele - ele cumprimentou, relaxado com as mãos nos bolsos do jeans.
- Oi...-balbuciou, a ruiva mais RUIVA que já vi - É...eu acho que já vou indo, combinei de sair com minha mãe, e...- ela me olhou, desesperada - Até mais!
Rimos enquanto ela saia correndo.
- Então, ela acha que estou apaixonado por você - ele começou e de repente estávamos andando de mãos dadas em direção a uma mesa bem distante, publicamente.
- Ela é louca...- murmurei, morta de vergonha. Como eu queria ser um avestruz nesses momentos.
- Será mesmo? - ele disse e me olhou, soltando a minha mão. Diego se apoiou na mesa, ficando de frente para mim, uma distância minima entre nós. Eu me sentia uma pata desajeitada na frente dele.
- N..não sei..-balbuciei. Só o que me faltava, estou ficando gaga. aff
- Acho que todos já perceberam isso, menos a pessoa que é o alvo deste sentimento.
Olhei para ele de boca aberta. Ele está querendo dizer...ele disse.
- Você está...apaixonado por mim???!!!
Diego riu e passou um braço pela minha cintura, me puxando de encontro a ele.
- Se isso inclui querer estar sempre com você, ser egoísta e distancia-la dos seus amigos e ter um ciume irracional de Ian...bem, pode dizer que sim, estou apaixonado por você.
Mais próximo, mais próximo...ai meu pai do céu, é hoje que desencalho.
- E você Liz? O que sente por mim? - ele sorriu e a sensação de que eu iria desmaiar nos braços dele como nos filmes aumentou.
   Abri a boca para dizer algo, mas não houve muito tempo.
   No estante seguinte fui puxada com força contra ele e seus lábios pousaram nos meus.

continua...